terça-feira, 26 de abril de 2011

Referencial Teórico * O professor e sua prática...



Muitos professores que atuam nas escolas não se dão conta da importante
dimensão que tem o seu papel na vida dos alunos. Nesse sentido, um dos aspectos
que se quer ressaltar neste artigo é a importância da formação do professor e da
compreensão que ele deve ter em relação a esse assunto. Pois, não há como
acontecer na escola uma educação adequada às necessidades dos alunos sem
contar com o comprometimento ativo do professor no processo educativo.
Entretanto, ao aproximar-se da figura de alguns professores, percebe-se que
muitos, baseados no senso comum, acreditam que ser professor é apropriar-se de
um conteúdo e apresentá-lo aos alunos em sala de aula.
Mudar essa realidade é necessário para que uma nova relação entre
professores e alunos comece a existir dentro das escolas. Para tanto, é preciso
compreender que a tarefa docente tem um papel social e político insubstituível, e
que no momento atual, embora muitos fatores não contribuam para essa
compreensão, o professor necessita assumir uma postura crítica em relação a sua
atuação recuperando a essência do ser “educador”.
E para o professor entender o real significado de seu trabalho, é necessário
que saiba um pouco mais sobre sua identidade e a história de sua profissão.
Teríamos que conseguir que os outros acreditem no que somos. Um
processo social complicado, lento, de desencontros entre o que somos para
nós e o que somos para fora [...] Somos a imagem social que foi construída
sobre o ofício de mestre, sobre as formas diversas de exercer este ofício.
Sabemos pouco sobre a nossa história (ARROIO, 2000, p.29).
Fazendo uma correlação com esse ponto de vista, não se pode deixar de
destacar e valorizar os fenômenos histórico-sociais presentes na atividade
profissional do professor. Nessa perspectiva, jamais poderá ser compreendido o
trabalho individual do professor desvinculado do seu papel social, dessa forma estarse-ia descaracterizando o sentido e o significado do trabalho docente.
Considerando a emergência de se trabalhar a identidade do professor,
percebe-se uma vasta bibliografia sobre a profissão docente, a qual tem
apresentado muitas ideias e questionamentos, principalmente sobre a formação dos
professores, e, mais especificamente, sobre a formação reflexiva dos professores.
No entanto, percebe-se que ainda não existe um consenso quanto ao significado 4
exato do que seja o professor reflexivo, embora haja muitos estudos e pesquisas
nessa linha teórica.
Segundo Pimenta (2002), faz-se necessário compreender com mais
profundidade o conceito de professor reflexivo, pois o que parece estar ocorrendo é
que o termo tornou-se mais uma expressão da moda, do que uma meta de
transformação propriamente dita.
Para Libâneo, é fundamental perguntar: que tipo de reflexão o professor
precisa para alterar sua prática, pois para ele
A reflexão sobre a prática não resolve tudo, a experiência refletida não
resolve tudo. São necessárias estratégias, procedimentos, modos de fazer,
além de uma sólida cultura geral, que ajudam a melhor realizar o trabalho e
melhorar a capacidade reflexiva sobre o que e como mudar (LIBÂNEO, 2005,
p. 76)
Assim, se percebe que pensar sobre a formação de professores é conceber
que o professor nunca está acabado e que os estudos teóricos e as pesquisas são
fundamentais, no sentido de que é por intermédio desses instrumentos que os
professores terão condições de analisar criticamente os contextos históricos, sociais,
culturais e organizacionais, nos quais ocorrem as atividades docentes, podendo
assim intervir nessa realidade e transformá-la
2.2 O processo de interação e de mediação na relação professor-aluno
Em todo processo de aprendizagem humana, a interação social e a mediação
do outro tem fundamental importância. Na escola, pode-se dizer que a interação
professor-aluno é imprescindível para que ocorra o sucesso no processo ensino
aprendizagem. Por essa razão, justifica-se a existência de tantos trabalhos e
pesquisas na área da educação dentro dessa temática, os quais procuram destacar
a interação social e o papel do professor mediador, como requisitos básicos para
qualquer prática educativa eficiente.
De acordo com as abordagens de Paulo Freire, percebe-se uma vasta
demonstração sobre esse tema e uma forte valorização do diálogo como importante
instrumento na constituição dos sujeitos. No entanto, esse mesmo autor defende a
ideia de que só é possível uma prática educativa dialógica por parte dos
educadores, se estes acreditarem no diálogo como um fenômeno humano capaz de 5
mobilizar o refletir e o agir dos homens e mulheres. E para compreender melhor
essa prática dialógica, Freire acrescenta que
[...], o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se
solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser
transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar
idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de
idéias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE, 2005, p. 91).
Assim, quanto mais o professor compreender a dimensão do diálogo como
postura necessária em suas aulas, maiores avanços estará conquistando em
relação aos alunos, pois desse modo, sentir-se-ão mais curiosos e mobilizados para
transformarem a realidade. Quando o professor atua nessa perspectiva, ele não é
visto como um mero transmissor de conhecimentos, mas como um mediador,
alguém capaz de articular as experiências dos alunos com o mundo, levando-os a
refletir sobre seu entorno, assumindo um papel mais humanizador em sua prática
docente.
Já para Vygotsky, a ideia de interação social e de mediação é ponto central
do processo educativo. Pois para o autor, esses dois elementos estão intimamente
relacionados ao processo de constituição e desenvolvimento dos sujeitos. A atuação
do professor é de suma importância já que ele exerce o papel de mediador da
aprendizagem do aluno. Certamente é muito importante para o aluno a qualidade de
mediação exercida pelo professor, pois desse processo dependerão os avanços e
as conquistas do aluno em relação à aprendizagem na escola.
Organizar uma prática escolar, considerando esses pressupostos, é sem
dúvida, conceber o aluno um sujeito em constante construção e transformação que,
a partir das interações, tornar-se-á capaz de agir e intervir no mundo, conferindo
novos significados para a história dos homens.
Quando se imagina uma escola baseada no processo de interação, não se
está pensando em um lugar onde cada um faz o que quer, mas num espaço de
construção, de valorização e respeito, no qual todos se sintam mobilizados a
pensarem em conjunto.
Na teoria de Vygotsky, é importante perceber que como o aluno se constitui
na relação com o outro, a escola é um local privilegiado em reunir grupos bem
diferenciados a serem trabalhados. Essa realidade acaba contribuindo para que, no
conjunto de tantas vozes, as singularidades de cada al
uno sejam respeit
adas.6
Portanto, para Vygotsky, a sala de aula é, sem dúvida, um dos espaços mais
oportunos para a construção de ações partilhadas entre os sujeitos. A mediação é,
portanto, um elo que se realiza numa interação constante no processo ensinoaprendizagem. Pode-se dizer também que o ato de educar é nutrido pelas relações
estabelecidas entre professor-aluno.

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