terça-feira, 29 de março de 2011

ludicidade (estágio Sesc) II -

1 A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE PARA A CRIANÇA NAS SÉRIES INICIAIS
O brincar é sem dúvida um meio pelo qual os seres humanos, principalmente as
crianças, exploram uma grande variedade de experiências em diferentes situações e com
diversos objetivos. A criança envolve-se com o brincar em vários ambientes: em casa, na rua,
no clube e na escola... Em cada situação o brincar tem um sentido e uma adequação diferente.
Para Moyles (2001. p.181): “Na escola, o brincar pode ser dirigido, livre ou exploratório: o
essencial é que ele faça a criança avançar do ponto em que está no momento em sua
aprendizagem, criando condições para a ampliação e revisão de seus conhecimentos.” Dessa
maneira, o lúdico torna-se essencial no desenvolvimento da criança, pois no brincar não se
aprende somente conteúdos, mas se aprende para a vida.
É por meio da ludicidade que as crianças criam, têm o poder, esquecendo assim o
distanciamento entre elas e os adultos. Assim vão construindo sua inteligência e o próprio
amadurecimento social. É por meio do brincar que a criança exterioriza seus anseios e imita o
mundo dos adultos e através deste comportamento ela consegue aproximar-se do processo de
conscientização sobre a responsabilidade, tanto de sua conduta quanto do seu
desenvolvimento social.
Os recentes estudos têm mostrado que as atividades lúdicas são ferramentas
indispensáveis no desenvolvimento infantil, porque para a criança não há atividade

mais completa do que o brincar. Pela brincadeira, a criança é introduzida no meio
sociocultural do adulto, constituindo-se num modelo de assimilação e recriação da
realidade. (SANTOS, 1999, p.7).
O lúdico é fundamental para a criança em todas as faixas etárias. Na Educação Infantil,
o raciocínio lógico ainda não é suficiente para que ela dê explicações coerentes a respeito de
certas coisas e o poder da fantasia ainda é muito maior que a condição de explicar. Então, pelo
jogo simbólico, a criança exercita não só o aspecto cognitivo, mas também suas habilidades
motoras, já que salta, corre, gira, rola, transporta...Também é através dessas mesmas
brincadeiras que se desenvolve o equilíbrio emocional e a autonomia, elementos fundamentais
para o sucesso das aprendizagens futuras. Segundo Vygotski, Luria e Leontiev (1988. p.130)
“...nos brinquedos no período escolar, as operações e ações da criança são, assim, sempre
reais e sociais, e nelas a criança assimila a realidade humana.”
O brincar ajuda os participantes a desenvolver confiança em si mesmos e em suas
capacidades. As oportunidades de explorar conceitos como liberdade existem implicitamente
em situações lúdicas, levando assim ao desenvolvimento da autonomia. Para isso a criança
precisa estar envolvida no ato de brincar para poder organizar suas idéias e assim, exteriorizar
seus sentimentos mais profundos que permitam colocá-la sempre em desafios e situações que
a façam aprimorar a própria condição do seu aprendizado. Nesse sentido, para Machado
(1994, p. 37): “....o brincar é um grande canal para o aprendizado, senão o único canal para
verdadeiros processos cognitivos.”
É importante salientar que, acima de tudo, o brincar motiva e dá prazer. E é por isso
que ele proporciona um clima especial para a aprendizagem das crianças de todas as faixas
etárias. O brincar na escola estimula uma aprendizagem diferente e interessante. O papel do

professor é de garantir que, no contexto escolar, a aprendizagem seja contínua e inclua fatores
além dos puramente intelectuais: social, o emocional, o físico, o estético, o ético e o moral
devem se combinar com o intelectual para tornar a aprendizagem mais abrangente e
formadora.
Assim o lúdico em situações educacionais, proporciona não só um meio real de
aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes aprendam sobre
crianças e suas necessidades. No contexto escolar isso significa professores capazes de
compreender onde as crianças estão em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, o que por
sua vez, dá aos educadores um ponto de partida para promover novas aprendizagens nos
domínios cognitivo e afetivo, para a construção de saberes significativos.
O construtivismo enfatiza a importância não somente da criança descobrir as
respostas da sua maneira, mas também de levantar as suas próprias perguntas.
Começar o trabalho partindo das perguntas da própria criança assegura ao professor
o início do processo de aprendizagem construtivista partindo do ponto onde a
criança está, ao invés de começar por onde o professor está. (KAMII e DEVRIES,
1991, P.28).
Também, é inegável a importância dos jogos no ensino. Durante séculos, jogos como o
xadrez ofereceram desafios aos jogadores. Muitos autores afirmam que o jogar está na
essência do brincar. Assim, os problemas também podem ser apresentados às crianças por
meio de jogos. Jogos de estratégia e aventura são abundantes no mundo dos computadores e
ajudam no aprimoramento do raciocínio lógico e na capacidade de resolver problemas.
Interessante seria utilizar jogos no ensino da Matemática e das demais disciplinas, pois a
resolução de problemas associa o intelectual ao prático, vincula habilidades básicas a outras

mais complexas, vincula ensino à aprendizagem – essencialmente ele vincula o brincar ao
trabalhar, facilitando a assimilação de conteúdos aparentemente difíceis e complicados.
As atividades lúdicas também são fundamentais para o desenvolvimento da criatividade.
As pesquisas mostram que as crianças que vivem a fantasia e o brincar de boa qualidade
livremente, são consideradas grandes fantasistas e passam grande tempo imersas em
pensamentos imaginativos. Crianças criativas têm melhor concentração, são geralmente
menos agressivas, contam e escrevem histórias mais originais, interessantes e com
personagens mais complexos e também tendem a gostar mais do que fazem, aprendendo
melhor. Para ser criativa a criança precisa brincar e o brincar precisa ser estimulado com vigor
no ambiente escolar.
Nesse sentido, também é importante considerar o currículo escolar como um todo,
utilizando o brincar como estratégia de ensino e aprendizagem. As crianças brincam tão
naturalmente como comem e dormem e aprendem a partir deste brincar. É necessário lembrar
que elas também aprendem de outras maneiras interessantes e o papel do adulto é assegurar
que as atividades sejam divertidas. “Assim como os professores acham relevante estabelecer
objetivos escritos (por exemplo, completar uma página de somas...), eles devem estar
preparados para dar igual valor no estabelecimento de objetivos no brincar.” (MOYLES,
2001. p. 100 ).
Para atingir melhores resultados é conveniente que também os pais entendam que o
brincar tem direção, progressão e resultados educacionais sólidos, que esta é uma atividade
valiosa corretamente associada à aprendizagem. A escola e sua equipe de professores têm a

incumbência de rever o processo de ensino e aprendizagem frente ao lúdico, passando aos
pais a veracidade do seu propósito de construir, junto a seus filhos, os alicerces que venham
proporcionar benefícios às habilidades sociais e escolares trabalhadas.
Portanto,

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